quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Doença Periodontal

 A doença periodontal tem sido relatada como a afecção que mais acomete os cães chegando a até 80% de prevalência em animais acima de cinco anos, sendo a enfermidade mais comum em animais domésticos.  É um processo que envolve a infecção e inflamação do tecido de suporte e proteção dos dentes e pode acarretar a sua perda, sendo a placa bacteriana o agente etiológico da doença, também chamada de biofilme dentário. A moléstia interfere de maneira importante na qualidade de vida dos animais e na sua convivência com seus donos. 

Anatomia do dente canino

A doença é causada pelo acúmulo de placa bacteriana (película glicoproteica) nos dentes e na gengiva, principalmente no sulco gengival, onde a chamada limpeza natural promovida pela língua, saliva e abrasão natural dos alimentos não proporciona ação eficiente. Para que a placa se estabilize, de forma a iniciar inflamação, é necessário um período de pelo menos 24 a 48 horas. As bactérias inicialmente encontradas são microrganismos aeróbios, gram-positivos e sem motilidade. As bactérias fixam-se ao dente, sobre elas agregam-se outras bactérias, minerais e subprodutos bacterianos. A essa mineralização da placa bacteriana dá-se o nome de cálculo dental, conhecido popularmente como tártaro dentário. Com a proliferação do cálculo, há a formação de bolsas periodontais, estas favorecem ainda mais o acúmulo de bactérias, com proliferação das anaeróbias, gram-negativas e com motilidade, muito mais patogênicas e lesivas do que as anteriores. As bactérias por meio dos subprodutos são capazes de lesar as estruturas periodontais, inicialmente esse processo acomete apenas os tecidos gengivais, caracterizando a denominada gengivite, que pode ser reversível, a partir da remoção do agente irritante. Mas posteriormente pode se agravar e evoluir para um processo de periodontite, que envolve alterações nos outros tecidos do periodonto e pode acarretar perda óssea, de ligamento periodontal, cemento e até do elemento dental envolvido, sendo irreversível. Podem-se formar ainda úlceras de contato na parte interna dos lábios e bochechas, causado pelo atrito deste tecido com o cálculo dentário. Em casos mais graves, com a perda da gengiva e do osso alveolar, a mandíbula fica fragilizada podendo ocorrer fraturas.

Evolução da doença periodontal

Todos os cães acima de quatro anos apresentam algum grau de doença periodontal em um ou mais dentes, sendo o sinal mais comum a halitose (mau hálito), decorrente da putrefação dos tecidos e fermentação bacteriana na bolsa periodontal, liberando gases voláteis sulfurosos. Decorrente da afecção periodontal os gatos apresentam sensibilidade aumentada, diferente dos cães que raramente mostram sinais de dor.
A doença periodontal se não tratada pode causar distúrbios sistêmicos, que encurtam a sobrevida do animal. As bactérias envolvidas no processo patológico do periodonto podem migrar por bacteremia para outras regiões do corpo pela corrente sanguínea e colonizá-las, causando lesões em órgãos vitais, como o coração, fígado, rins, pulmões e também articulações.

Bactérias da Doença Periodontal migram para outros órgãos, como rins, fígado e coração, agravando outras doenças sistêmicas.

O diagnóstico é dado pelo exame clínico detalhado da cavidade oral, baseado na inspeção direta do órgão dental, na sondagem e exploração das bolsas periodontais e na avaliação radiográfica.
O tratamento periodontal especializado tem como objetivo controlar os microrganismos, restaurar a anatomia e a fisiologia normais e evitar nova adesão de placa bacteriana às superfícies dentais. Só um profissional que atue em Odontologia Veterinária fará a avaliação, tratamento e prevenção corretos.
A palavra-chave para doença periodontal é a prevenção. Começando a partir de um ano de idade, todo animal deve ter seus dentes tratados uma vez por ano com um especialista para prevenir dano irreversível e perda de aderência dos tecidos periodontais. Todo animal deve também receber tratamento doméstico regular, preferivelmente escovação com uma pasta enzimática para animais.
Com medidas preventivas, a necessidade para tratamentos mais avançados é bastante reduzida.  Não somente é possível manter os dentes saudáveis e o hálito fresco, mas também poupar o animal de dor oral, desconforto na mastigação e contaminação bacteriana sistêmica.

REFERÊNCIAS

GIOSO, M. A. Odontologia Veterinária: para o clínico de pequenos animais. 2 ed - Barueri,SP: Minha Editora, 2007.
MITCHELL, P. Q. Odontologia de pequenos animais; tradução de Marco Antonio Gioso - São Paulo: Roca, 2004.
PIERI, F. A. & MOREIRA, M.A.S. Doença periodontal em cães e prevenção. Clinica Veterinária, ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010. 
ROZA, M. R da. Odontologia em pequenos animais - Rio de Janeiro: L.F.Livros de Veterinária, 2004. 

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